quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Organização

Fui me arrumando aos poucos, colocando tudo no lugar, ajeitando os móveis dentro de mim, tornando minha casa habitável, uma boa morada, algo seguro, confiável.
Eu fiquei, me organizando, e quando faltava bem pouco alguém passou chutando tudo, e eu com toda paciência peguei as peças e fui novamente reconstruindo. E eu tava pronta, faltava só sua chave na porta, e novamente as coisas foram chutadas, e desta vez perdi a fechadura.


(Andy)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Tem pessoas que tem jeitos estranhos de viver a dor, bebem, caem, choram, e ficam na ressaca; outras gritam, correm, pulam de uma montanha; tem aquelas que se trancam, não fazem nada. Eu já fui tudo isso de uma vez só, e hoje prefiro fingir que não existe dor, prefiro me mostrar forte, que nada me fere, dizer que não sinto falta, que não me dói. Mas eu minto apenas para os outros, porque já perdi o dom de me enganar...


(Andy)

domingo, 26 de setembro de 2010

"Faço das lembranças um lugar seguro"

Que rostos estranhos nestas imagens coladas atrás da porta. A frase na parede azul permaneceu por tanto tempo sem sentido, o relógio está parado. Dentro do guarda-roupas o perfume abandonado, o headphone enjoado, as cartas esquecidas; ao espelho a parede refletida, desenhos e fotos, sem cálculos, coladas, pregadas. Em cima do guarda-roupas a mala de viagens feitas, papeis, livros, uma raquete nunca usada. Ao lado uma mesa, um computador esquecido, bombons nunca comidos, cd's, livros, latas, estrelas, cartelas de remédios vazias. No chão um skate abandonado, um tênis jogado, uma havaiana que brilha no escuro. Em cima da cama cobertas, ursos ao canto, um brinquedo de criança, quase caindo minha esperança. Mais pra baixo um corpo jogado, torturado, mutilado. Na minha frente um coração arrancado.



(Andy-Sim, eu voltei)

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

 [Pearl Jam-Black ♫]

"apenas me ferem muito esses teus silêncios."   (Caio F.)

Silêncio é algo que não deveria ferir, que não deveria nos fazer ter vontade de gritar.
Tu tens me dado tanto dele, tanto silêncio, pena que teu silêncio faz um barulho estrondoso, silêncio inquieto, que não conforta, que não me faz pegar no sono.
Silêncio talvez fosse algo que não devesse existir, pelo menos o seu...
Então porque não troca ele pela sua presença?

(Andy)
Ei você ai de dentro! Você mesmo pare! Pare de bater neste peito feito espinho de rosas quando tocados pelo vento, pare! Chega de me ferir!

(Andy)
Ruas e esquinas, por quais passei, bêbada, triste, feliz.
Ás vezes gosto de olha-las de cima, por um mapa, um GPS,
é que de baixo é tudo tão diferente, menos acomodativo, menos surreal.
De cima coloco a mão sobre sua casa e não me dói, de baixo mal posso recordar teu nome.
Ele ainda está tatuado em mim.
Tem vezes que reconheço, não tenho mais idade para agir assim, para sofrer assim,
por que não posso fazer como todos os adultos?
Por que não, por que eu não consigo ser apenas normal? Fazer como você, que não liga, não manda email,
não responde sms.
Tanta coisa vai mudando, tantos caminhos e sonhos vão sendo perdidos. As músicas em meus ouvidos mudaram,
minha voz trocou de tom,
meus olhos se movimentam de outra forma, algo mais perdido. Eu tenho tanta história pra contar.
O mundo ao meu redor é estranho, e eu só queria um pouco de paz. 


(Andy)
"A transição de coisas ruins que passam por nossas vidas não atrapalham apenas nosso coração"


(Andy)

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Nostalgia

Tem hora que dá uma coisa dentro de mim, uma vontade de chorar, de sair correndo, de gritar, pular, qualquer coisa que arranca a nostalgia, esse sentimento ruim, essa revolta, esse ódio...


Tudo se encaixa... em memórias de uma mente vazia, em memórias de uma mente vazia!

(Andy)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Talvez um voltasse, talvez o outro fosse. Talvez um viajasse, talvez outro fugisse. Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos, dominicais, cristais e contas por sedex (...) talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou não. Talvez algum partisse, outro ficasse. Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego. Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos, talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro, ou viajassem junto para Paris (...) talvez um se matasse, o outro negativasse. Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida, quem sabe. Talvez tudo, talvez nada
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Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar.


(Caio F.)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

"Certo dia olhei para os meus pés e vi que não mais havia âncoras presas aos meus tornozelos. Noutro dia estava em outro mar, depois em outro, em outro… me acostumei a apenas assistir de longe a segurança da terra firme. Ela já não me atrai mais. Seria essa, a vida que eu sempre procurei? Aí é que reside o cerne da questão. A vida que eu sempre procurei é, justamente, viver procurando. É eternamente cavar fundo até encontrar, em peito alheio, um coração parecido com meu."

(Lucas)
"Antes de ligar para a emergência, esperei para ver através da fumaça o que realmente acontecera. Um acidente, embora não tão trágico. Um espasmo de vida em um coração que parecia padecer em estado vegetativo. O trânsito voltou ao normal, e eu voltei pra casa, graças a uma carona que eu queria que tivesse durado alguns minutos a mais.
Só lembro do rosto através do vidro quebrado. Esquecer? Não consigo. Repensar? Não quero. Reviver? Não aguento. Roteiro pros próximos capítulos? Não tenho."

(Lucas)

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Vagalume

Ao que me digo "eu sinto sua falta", e por vezes até tento não sentir, tento não pensar.
Mas lá me vem você, mesmo que em lembranças, lá me vem você, iluminando o caminho, com a luz, conforme um vagalume, e ei, ainda lembra que te chamo de vagalume?
Horas! Você sumiu, e ás vezes eu até preciso olhar algumas lembranças para acreditar de fato que um dia você existiu na minha vida, que um dia o que tive foi o meu lugar junto ao teu.
Por vezes até me sinto incapaz, e penso "será que não fui o suficiente? Será que nunca fui o bastante para poder te ter ao meu lado?"
E ainda penso que devia ter te esperado, que eu não devia ter desistido de ti. Mas tudo bem isso agora passou, essa dor não mora mais aqui.
Mas e você? Como está, meu querido vagalume? Tem noites que não consigo ver tua luz, tem noites que não consigo me recordar do som da tua voz, e desespero do dia que não me recordei do teu rosto, do teu sorriso, de você me dizendo para ficar bem.


(Memórias de uma mente vazia-Andy)