segunda-feira, 23 de janeiro de 2012


Provei meu primeiro cigarro tinha 14 anos. Uma brincadeira na saída do colégio, coisa de adolescente rebelde que quer desafiar o mundo.
Tinha um sabor adocicado, era fresco, com uma fragancia convidativa, experimentei, gostei, comprei.
Hoje espero um encontro e fumo, espero um transporte e fumo, aguardo uma resposta e fumo, escrevo e fumo, como se para compor palavras fosse preciso inalar o precioso cigarro que nunca me falta.
Pensei em quantas amizades ele já me trouxe, apenas com a simples frase "me empresta o isqueiro?"
Depois de um tempo, percebo que preciso fumar para ter algo em mãos, essa necessidade do ser humano em possuir algo, preciso sentir que possuo, que está em minhas mãos. Acender o cigarro para ter o objeto palpável de meus pensamentos, enchendo-me, preenchendo meu corpo leve com a fumaça para esvaziar o peito de todas as dores.
Troquei pessoas por cigarro, está é a minha realidade, ele se tornou um amigo, companheiro das horas. De madrugada quando a dor me vem afligir, já não procuro o telefone, pego uma chama e acendo-o, como se ele fosse capaz de junto com sua fumaça levar embora todas minhas dores.
É carência, cheguei a essa conclusão, arrumei companhia deste jeito, suprir um amor perdido, ter algo em mãos.
Não existe lugar para onde partir, nenhuma casa para chegar, vazio, já não há nada mais, "restava acender outro cigarro, e foi o que fez"

(Andy Carvalho)

Um comentário: