quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Pena de você!

No começo eu tive pena de mim agora eu sinto pena de você e acho que é assim que daqui pra frente vai ser.
Tenho pena de você ser tantas e não ser nenhuma, de ter tantas vidas e histórias e ter que carregá-las na memória em forma de infelicidade porque nenhuma delas é verdade.
Tenho pena dessa sua solidão angustiante que você guarda em cada instante que precisa se reinventar para com alguém se relacionar.
Tenho pena dos seus devaneios que buscam meios para que consigam sobreviver e tenho mais pena ainda pois aposto que isso a faz sofrer.
Tenho pena dessa sua insanidade que a leva a uma viagem sem rumo, sem chegada,vazia de tudo, coberta de nada.
Tenho pena de você, principalmente, porque a vida lhe negou definitivamente aprender a arte de amar e o ser humano que não ama de pé não consegue se sustentar.
Tenho pena de você por sua mediocridade de espírito e de coração numa determinada idade que já não há mais solução.
Tenho pena de hoje ter me restado apenas ter pena de você e de nunca ter lhe confessado que o tempo todo isso eu quis lhe dizer, mas achei por bem me conter.
Tenho pena da saudade que sei que você sente pois em você ela acontece diferente.
Ela tem sabor de frustração, de desejo de voltar no tempo enquanto esse tempo grita - NÃO!!
Tenho pena de você pois sei que novos personagens já inventou para se esquecer dos demais que já enterrou.
Tenho pena de você viver aprisionada dentro de alguém atordoado.
Mas eu tenho pena mesmo é de quem vive ao seu lado sem saber que na sua vida não passa de um ser desconsiderado.
Antes a virtualidade mentirosa do que a realidade enganosa.


(Silvana Duboc)

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