quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A dor de quem ficou


A casa estava vazia, o silêncio tomava conta, era quase possível escutar sua respiração.
Nada restou, apenas ausência, apenas a falta da imagem de quem um dia esteve ali, o lado da cama frio, o lugar na mesa vazio, o telefone que não toca mais, a parte do armário livre, não havia mais briga pela tevê, nem por qual filme assistir, não havia defeitos para incomodar, nem toalha molhada em cima da cama, apenas o vazio.
O choro era eminente, a esperança na volta de quem virou as costas e se foi, sem bilhete de "te ligo mais tarde", apenas com a seca promessa "nunca mais irá me ver", a sombra inerte de quem saiu da sua vida como quem abandona o palco em pleno espataculo, e deixa assim o público carente, o oportuno desfecho de uma história que seria para sempre, e é aqui que se pergunta "quanto tempo é pra sempre?", o verdadeiro sentido de um tempo que não sabemos quanto vai durar.
O que fica é o vazio, a esperança sucumbindo o defunto ainda vivo, enterrado sobre a lama do seu próprio desespero, sendo corroído pelo tempo, apagado aos poucos, com sede de quem partiu e jamais irá voltar. E quando o telefone toca, toca o coração na esperança da voz, para quebrar o silêncio da dor, e quando não é quem tanto esperava, o sonho fraqueja, e a esperança como mordaça quebra, osso... por... osso, a vida de quem já não tem mais vida.

(Andy)

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