quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Fuga

O silêncio era parte de si, não era o silêncio, o silêncio era ela.
A vida vazia, o olhar de quem um dia teve olhar, antes de ver tudo partir.
Sua alma sucumbiu ao mal, ninguém sabe o porquê, e o pouco que se sabe já não importa. Nada mais dizem, nada mais existe para se dizer.
O silêncio que a toma, incomodante a quem o houve, mas nada faz, nada diz, como sinal de respeito, como sinal de luto, pelo que se morre a cada dia.
Uns diziam que sempre foi assim, outros arriscavam uma decepção amorosa, e ela? Apenas era, e isso já a bastava, rumores não a deixavam mais forte, nem fraca.
O que se tinha era o silêncio, e quando desafiada, arriscava palavras quase vomitadas, e quem as ouvia quase jurava que ela nunca as tinha dito antes, ela agora era o nada.

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